Saturday, July 16, 2005

Sarcasmo

Tá bom, eu admito. Eu até sou sarcástica uma vez ou outra, principalmente aqui neste blog. Mas a verdade é que eu odeio sarcasmo. Não o sarcasmo dos textos, que eu acho saudável, mas o sarcasmo do dia-a-dia, das pessoas que fazem piadinhas a respeito de tudo, como se tudo fosse passível de ironia. O sarcasmo de quem não sabe dizer o que acha sobre você sendo direto e honesto e usa o efeito " mamãe, eu sei de tudo" que só um comentário irônico tem, pra trazer mais confiabilidade a uma opinião que nada mais é do que uma opinião. Por que o sarcasmo, nas relações pessoais, é, no mínimo, desrespeitoso. Pior do que isso, é desonesto. Carece de franqueza, ao contrário do que os sarcásticos habituais afirmam categoricamente. Coloca as pessoas em patamares diferentes como se uma fosse superior a outra a ponto de dar o direito àquela de usar aquele meio riso que todo comentário irônico, explicita ou implicitamente, tem. Talvez isso pareça necessário pra quem não confia o suficiente no que está dizendo ou pra aquela pessoa que precisa de qualquer maneira mostrar que é melhor que a outra em algum nível, muito além do que está sendo diretamente discutido, ou mesmo pra quem se importa tanto que quer parecer que não se importa.
Mesmo gostando muito de alguém, o excesso de gracinha me faz me afastar. Eu tenho uma péssima experiencia com sarcásticos. Inclusive um deles me disse que o sarcasmo é uma das formas de expressão mais maduras que existem. " Existem livros escritos sobre isso". Certo, mas por que alguém precisa maquiar um comentário com ofensas gratuitas?
Eu pessoalmente acho mais maduro dizer que está com raiva, por exemplo. Grande maturidade essa, rir da cara dos outros pra criar uma barreira protetora. Dar a cara à tapa é muito mais difícil.

Friday, July 08, 2005

Modéstia

Eu ando pouco modesta ultimamente. Mas como diz um amigo meu, a modéstia é para os medíocres. Ou como diz um outro amigo meu, modéstia é a qualidade de quem não tem outra qualidade. Eu não sei se eu concordo com isso, mas não deixo de me identificar.
Eu gosto da minha aparência. Gosto de como eu vejo as coisas, de como eu resolvo meus problemas, de como eu lido com os outros. Isso pode até soar como prepotência, mas eu não gostaria de ser de outra maneira. A única coisa que me incomoda é que isso é pouco compreendido por algumas pessoas.
Já fui chamada de arrogante. Algumas muitas vezes. Mas isso não é arrogância. Arrogante é quem quer palpitar, dizer como a pessoa deve ou não agir a respeito da própria vida. Arrogante é quem ao invés de compreender as escolhas dos outros, balança a cabeça com ar de superioridade e reprovação e depois discorre sobre o que deveria ter sido escolhido. Arrogante é quem sempre usa o insuportável "eu não disse?" quando você erra em relação a uma coisa que só vai prejudicar a você mesmo. Arrogante é quem se acha muito maduro, muito vivido e muito lúcido, e vive dando lições de moral em todo mundo, mas não consegue olhar o próprio umbigo pra ver as próprias infantilidades, que comete como todo mortal. Pelo que me consta eu sou uma amiga compreensiva e diligente. Especialmente quando sou tratada com respeito. Eu não gosto de intromissões desaforadas em minha vida pessoal. Conselhos, tudo bem. Agora as verdades absolutas, pode guardar pra você. Não gosto de quem "sabe viver mais". Eu erro, eu faço bobagem e sou infantil às vezes, mas quando eu acredito em uma coisa, eu acredito mesmo. Eu abraço as coisas com certeza. Isso não é arrogância. É auto confiança. Eu não preciso de aprovação da maioria.
A minha suposta arrogancia pode ser incômoda. Por que as pessoas estão acostumadas a se apoiar em outras pra ter segurança. E ter quem se apoie nelas também. Quem precise do seu aval. Eu não preciso do aval de ninguém, pelo menos busco não precisar.
Eu não quero modéstia. A modéstia serve pra os inseguros esconderem suas inseguranças e pra os soberbos manterem as aparências.
E eu não sou uma coisa nem outra.

Saturday, July 02, 2005

Eu me contento em ser banal

Ontem eu conversava com um amigo meu e ele me dizia que era cinismo o meu apego às futilidades, aquelas futilidades rejeitadas pelos fúteis "não-fúteis" que conhecemos todos os dias, e que se prendem a determinadas coisas tão triviais quanto às que rejeitam, com ar de superioridade. Cinismo como se eu ao mesmo tempo que negasse, me apegasse a tudo isso, pelo fato de ter esperado demais do mundo que não me deu nada de extraordinário, e agora, como se pra compensar, eu fizesse piada, gastando dinheiro com roupa, por exemplo, e achando isso o máximo do máximo.
Talvez ele tenha razão.
Durante muito tempo da minha vida eu resisti. Resisti idiotamente. Por que agora parece restar apenas o bruto do que a vida é pura e simples. Rotina, trabalho, aulas, contas a pagar, compromissos desagradáveis, festinhas com os amigos, que começam e terminam, e começam, e terminam de novo.
O unico perigo, segundo esse mesmo amigo meu, é de me tornar amarga. Achar que nada presta e maldizer tudo. Mas eu disse a ele que eu não corro esse risco. Eu sou romântica demais pra que isso aconteça. Eu me contento em ser banal, por que a banalidade me faz sentir viva de um jeito que nenhuma profundidade melancólica me pode fazer. Eu fico triste às vezes, é claro. Life´s not only a party. Mas não há mal nenhum em ser o que se permite ser, no momento em que é preciso. Esvaziam-se os pesos. Aceita-se quem se é e pode-se assim, crescer mais leve, sem auto cobranças em excesso, e sem agir como uma criança que veste a roupa dos pais e brinca de ser adulto, sem nem saber do que se trata. É preciso viver as próprias experiências pra depois chegar a conclusões a respeito delas e não o contrário, eu acho.
É isso aí.

Friday, July 01, 2005

Pensamento aleatório

Não sei por que cargas d´água eu estava aqui em minha casa e acabei lembrando do refrão de uma música de Amado ( é Amado mesmo, não é Arnaldo) Batista. Aí quis saber a letra toda, sabe como é, coisa de quem ainda não se conformou que o feriadão do São João acabou, e ao invés de voltar ao ritmo normal das obrigações acadêmicas e afins fica pensando bobagem e vendo idiotices na internet, já que nessa cidade quem quer ficar se fazer nada de útil no conceito capitalista tem muita dificuldade.
Fui no Google, o guru dos tempos modernos, e digitei lá "amado batista" + "secretária", o suposto nome da música, o qual eu inferi do que eu lembrava da letra através de meu apurado intelecto. Achei vários sites, abri um deles e o resultado foi esse, ipsi literis:

Ela chega tão meiga e tão bela,
pucha as curtinas e abre as janelas,
sempre cccom a mesma delicadeza
e depois na sua sala ao lado
atende o telefone e anota os recados
e coloca sobre minha mesa.
Esta sempre muito sorridente
trata bem todos meus clientes
para ela não há sacrificio.
Porém meu coração não quer entender,
o que ela faz com tanto praze è um dever do seu ofìcil
secretària que trabalha o dia inteiro comigo
estou correndo um grande perigo de ir parar no tribunal
secretàaria as vezes penso em falar contigo
mas tenho medo de ser confundido por um assédil sexual

Eu devia ter ido no site oficial dele, se é que ele tem um, por que esses erros de português não são culpa do artista. A culpa do artista, o momento em que ele falha, se é que se pode colocar dessa forma afinal de contas a liberdade poética está aí pra isso, se resume à parte em que ele teme ser confundido por assédio sexual. Aí na minha opinião valeu a regra do "tudo por uma rima". O resto é só lirismo.