Wednesday, June 29, 2005

Encarando os fatos

Eu saí hoje com Débora e Daniel, fomos primeiro no San Chopança ver o jogo do Brasil ( que coisa mais nada a ver, diga aí?) e depois fomos no cinema ver um filme, Guerra dos Mundos, muito ruim por sinal.
Eles que me chamaram pra sair, eu fiquei feliz, eu tenho amigos que gostam da minha companhia e que lembram de mim. Que tipo de derrotada eu sou, afinal de contas, que fica feliz por que foi chamada pra ver um filme no cinema numa tarde morgante de feriado? Não tão derrotada assim, eu diria. Se for levar em conta que eu ando um saco, mal humorada e de cara feia pra maioria das pessoas( que sem dúvida alguma, merece todo o meu mau humor), acho que é uma grande coisa sair, rir e falar bobagem sem me sentir praticamente sugada pela artificialidade deste mundinho sem graça.
Apesar da minha arrogância, eu bem que consigo ser uma pessoa razoavelmente feliz. Eu não tenho um magrelo despenteado, bem vestido e que faz carão e que diz que eu sou linda 10 vezes por dia maaaaaas eu consigo estar ao lado de pessoas que estão comigo por que gostam de mim, ao contrário de Fabiano, aqueeele do pré-caju, que estava lá, sozinho, vendo o jogo no bar. O cara tem uma grana e nem puxa sacos ele consegue reunir. Tudo bem que até emo cores que usam camisa de Che Guevara estão sempre acompanhados de suas respectivas punkekinhas em suas mini saias e all stars quando vão ao cinema, mas ao menos eu tenho pessoas que me acompanham no meu ódio a esse eterno marasmo sufocante dessa cidade.
Ah, a quem eu estou tentando enganar.
A culpa não é dos outros.
O mau humor não é temporário.
Eu descobri, e isso é irremediável, que a vida é uma sucessão de momentos no quais você espera muito por uma coisa, que chega e vai embora tão rápido, mas tão rápido, que você nem sente que já passou e fica lá, preso, como se não quisesse voltar pra estaca zero de novo, pra o momento chato e patético da espera. Ás vezes, quando é pior, você nem sabe pelo que está esperando. É o meu caso. Eu espero e nem sei o quê. Quem sabe uma hora eu canso e fico feliz em só estar.
É isso que dá deixar de ser idiota.
Infelizmente uma hora a gente tem que crescer.


Raphael, você tirou as palavras da minha boca.

Tuesday, June 28, 2005

"As drogas são o flagelo da sociedade"

Eu ouvi isso numa rádio aí, um dia desses quando voltava com Débora, Mônica e Gilson do casquinha de caraguejo, na praia. Há um tempo atrás, tempo em que eu ainda estava inocente no mundo dos jovens e dos não-tão-jovens descolados dessa cidade, eu acharia isso uma conversa de canção nova, piadável numa mesa de bar. É um exagero, não posso negar. Mas começo a achar que tem seu fundo de verdade. Não por que a pessoa vá vender a televisão pra comprar pó ou por que vá começar a beber perfume, vide Mel da novela O clone, mas por que dá margem à perpetuação daquela fasezinha pré adolescente durante a qual a gente faz o que pode pra ser diferente e termina sendo a mesma coisa. Não por que pode deixar você lerdo e abestalhado como Arnaldo Batista, (que é isso, os roqueiros acham lindo uma pessoa não falar nada com nada por causa de um cházinho) mas por que infesta irremediavelmente de posers todos os lugares frequentáveis dessa cidade.
Um dia desses, depois de ouvir relatos de várias amigas minhas, e de comparar minhas próprias experiências, fiquei pensando como é difícil namorar maconheiro. Eu já namorei maconheiro, que minha querida mãezinha não ouça. É impraticável. Tudo, mas absolutamente tudo vem depois da "massa", da "coisa", inclusive você. O cara não quer sair com seus amigos, nem ir pra os lugares para os quais você chama, por que não vai poder fumar. Claro que tem os compreensivos, que entendem, mas o meu caso específico foi trágico por que eu é que terminava passando por "conservadora" e " cabeça fechada" por que não gostava de ficar trancada num quarto escuro com um monte de "muito doidos" ouvindo pink floyd e sei lá mais o que desses psicodélicos todo fim de semana.
Basta passar um mês saindo com um bando deles que dá pra ver que a esmagadora maioria ( olha as exceções aí, pelo amor de Deus) incorpora um tipinho que faz absolutamente de tudo pra aparecer. Principalmente aqueles que tomam duas cervejas e acham que estão em woodstock, tropeçando em tudo, vomitando nos outros e fazendo escrotices, escrotices essas que serão relembradas pelos amigos não menos idiotas como grandes feitos: " é, fulaninho é muito rock mesmo".
E ainda tem os "lisérgicos". Meu deus, os lisérgicos. Tomaram ácido, e agora se acham os rock stars. E se algum deles tiver banda, meu filho, aí pronto, nem olham mais pra você, a não ser pra falar de bandas obscuras dos anos 70, e de como um dos integrantes de uma dessas bandas, originalíssimamente, morreu de overdose. Cheiraram pó ontem, e dizem pra todo mundo que já estão sequelados. Lindo. Um monte de cascos vazios sem nenhum conteúdo. Tudo em nome de uma posezinha. De um status no meio da galera. Como quando eu tinha 13 anos e vestia preto pra chocar minhas colegas patricinhas. E ainda chamam os outros de conservadores. E questionam suas escolhas de vida, como se fosse você, e não eles, o grande clichê. Ah, como eu odeio essa adolescência tardia.

Saturday, June 25, 2005

I´d like to make this water wine, but it´s impossible.

Infelizmente a felicidade não dura para sempre.
O que era inacreditável virou lugar comum e agora eu simplesmente não sei como eu conseguia viver antes em outra casa, sem as liberdades básicas que me eram negadas, como por exemplo chamar meus amigos pra minha casa.
E hoje simplesmente não estou com paciência pros pequenos problemas. Especialmente hoje, eu não tenho estômago nem pra deixar pra lá os caprichos do meu irmão que não suporta o barulho do teclado e do outro lado da sala pede pra eu "digitar mais devagar". Não estou com cabeça pra ver com benevolência a eterna preocupação da minha mãe em olhar TODOS os quartos da casa e mandar que eu arrume o meu, que diga-se de passagem está bem mais arrumado do que na casa da minha avó. Eu, uma mulher com 21 anos nas costas, e se sentindo cada vez mais velha em uma proporção de 10 pra 1 em relação à minha idade real.
Não é minha mãe, nem meu irmão. Sou eu.
Normalmente eu sou muito paciente, mesmo que digam o contrário. Mas hoje, agora, eu só queria minha vontade realizada. Minha vontade que eu nem ao menos sei direito qual é. Por que hoje, agora, eu não quero nada palpável, nada que eu possa alcançar. E isso é a coisa mais angustiante que alguém pode sentir.


- And aren't you happy just to be alive?
Anything's possible.
You've got no Cross to bear tonight.
No not tonight.
No not tonight. -
Pulp - Dishes

Tuesday, June 21, 2005

Sem escrúpulos

*Linda e Modesta* diz:
vamos falar mal de mais alguem
MARS diz:
bora
*Linda e Modesta* diz:
diga ai
MARS diz:
kkkkkkkk
*Linda e Modesta* diz:
sua vez agora
*Linda e Modesta* diz:
escolha
MARS diz:
xo ver...
*Linda e Modesta* diz:
djiz
MARS diz:
to pensando

...
(continua)

Escrúpulos.
Quem tem?

Monday, June 20, 2005

Velha, chata e careta

Eu não sou mais pop.
Não mais frequento ( com tanta frequência) os lugares da moda.
Ando "sumida", como diz o povo.
Não sou mais comentário.
Oh, que vida vazia a minha.
Acontece que eu continuo aqui. Meu telefone mudou, é verdade, mas eu continuo aqui, não sumi não. E se alguém se importasse, mandaria um email. Se alguém se importasse, perguntaria por mim a um amigo meu mais saidinho, ou coisa assim.
E isso não é uma lamentação, pelo amor de deus. É a mera constatação de um fato: as pessoas adoram números. "Fulana é minha amiga, já tomei muitas com ela". "Se eu conheço Sicrana? Claro! Eu fico com ela de vez em quando". Números. As pessoas são números umas pras outras e isso me irrita. Não é que você vá chamar de amigo todo mundo com quem sair prum bar, mas também não é pra usá-los como marketing pessoal. Uma vez eu disse pra um cara que eu não gostava de superficialidade. Ele não entendeu, é claro. Pensou que eu queria compromisso, eu acho.
O contrário também se aplica.Aquele seu suuuuper amigo que diz que é seu suuuuper amigo, mais amigo que seus amigos de farra( a repetição foi de propósito), mas não dá UM telefonema pra saber como você tá. Número. Mais uma vez você é um número. Mais uma pessoa da qual aquela pessoa é amiga de verdade, diferente dos demais amigos que ela tem.
Por isso eu prefiro ficar na minha. Eu gosto de sair, não vou mentir. Vou até pras festinhas da moda, se tiver a fim. Mas fazer número não é meu forte, nem nunca foi. Nem quando eu era pop.
E velha, chata e careta é a sua mãe.

Sunday, June 19, 2005

Ui ui mamãe, eu leio Voltaire

Seus ferimentos eram leves; breve estaria curada. Zadig ferira-se mais gravemente; uma flechada recebida perto do olho abrira-lhe uma ferida profunda. Semira só pedia aos deuses a cura de seu amado. Seus olhos estavam noite e dia banhados de lágrimas: esperava o momento em que os de Zadig pudessem gozar de seus olhares; mas um abcesso que sobreveio no olho ferido fez com que temesse o pior. Mandou-se buscar em Mênfis o grande médico Hermes, que veio com numeroso cortejo. Visitou o doente e declarou que perderia o olho; predisse mesmo o dia e a hora em que esse funesto acidente devia acontecer. " Se fosse o olho direito, disse, eu o teria curado; mas as feridas do olho esquerdo são incuráveis." Babilônia inteira, lamentando o destino de Zadig, admirou a profundidade da ciência de Hermes. Dois dias depois, o abcesso rompeu por si mesmo; Zadig ficou perfeitamente curado. Hermes escreveu um livro no qual provou que ele não devia ter sarado.

Trecho de Zadig ou Do destino, de Voltaire.

Ironia e sátira condensados num ponto ótimo.
Eu recomendo, se é que minha recomendação vale de alguma coisa.

Saturday, June 18, 2005

O mundo paralelo da internet

A pessoa te vê numa festa, fala com vc como se fizesse favor, mas no msn abre logo uma conversa.
Uma coisa engraçada isso. Pessoas que não se falam direito na "vida real"( como se as conversas na internet não fossem reais) são quase grandes amigos nos programas de bate-papo da vida. Assim como nos scraps do orkut e nos comments dos flogs. Eu acho muita graça mesmo. Principalmente por que eu não consigo compreender o que faz as pessoas agirem.
Será que é carão? Tá, tudo bem, eu adoro carão, mas pera lá. Pra que isso se na internet a pessoa serve pra falar com você? Perde todo o sentido. Afinal de contas o carão existe pra que as pessoas desnecessárias se ponham em seu lugar. E então por que falar com pessoas desnecessárias no msn? Por que, vai?
Eu quero deixar claro aqui que eu adoro que falem comigo na internet, sou uma pessoa sorridente e sociável. Mas eu gosto também que falem pessoalmente, e sejam tão gentis quanto. Gosto mais até. Não é por que eu sou linda, charmosa e bem vestida que eu vou virar a cara pra você. Não mesmo. Da proxima vez pode falar comigo.
;P

Friday, June 17, 2005

Versão 2.0

As coisas todas se ajeitando finalmente, parece até mentira.
Depois de precisar interditar um dos banheiros pra usar pra lavar pratos enquanto dividíamos espaço com os pedreiros que demoravam a instalar a pia da cozinha, e ficar mais de 20 dias dormindo em colchão no chão por que os móveis ainda não tinham chegado, o meu ap está ficando com cara de casa.
E enquanto isso eu também vou me arrumando, milagrosamente, como eu nunca achei que seria possível.
Estou frequentando as aulas, estudando diariamente. Estou lendo mais, todos os livros que eu sempre quis ler e nunca conseguia. Meu guarda-roupas está arrumado,e minhas unhas, feitas. Minhas boas amizades mantidas, minha relação com meus pais maravilhosa.Estou aprendendo a cozinhar, e gostando, principalmente quando isso se deve ao fato de que eu finalmente estou tentando(de verdade) adotar a dieta vegan. E hoje meu aparelho de vinil chegou, junto com uma coleção incrivel de vinis clássicos do meu avô, que deixou pra minha mãe, que acabou de me dar.
Agora eu posso dizer com toda a certeza que nada vai me tirar minha tranquilidade.

=)

De volta, eu acho

Faz tanto tempo que eu não posto que é quase como reinaugurar.
Bem, estou de volta, eu acho.